Qual a conexão entre saúde física e saúde mental?

Início » Autocuidado e Bem-Estar » Qual a conexão entre saúde física e saúde mental?

Que cuidar da saúde é importante, todos sabemos, mas será que existe alguma relação entre saúde física e mental? Foi o que perguntamos para a psicóloga Vitória Marioto (@mariotovitoriapsi), que explicou o que a ciência e os últimos estudos neuropsicológicos dizem sobre isso.

Contando ainda se o estresse, a ansiedade e outras condições podem causar doenças na pele, estômago ou até mesmo doenças cardíacas ou hipertensão, confira tudo o que ela nos disse na matéria a seguir.

A relação entre saúde física e mental, afinal, existe?

De acordo com Vitória, essa é uma discussão muito antiga e a história da humanidade já encarou algumas verdades que hoje são cientificamente questionáveis em relação à não interação corpo e psiquismo. “O que sabemos, hoje, através de estudos neuropsicológicos, é que não existem comprovações de que há uma separação entre essas duas esferas. Muito pelo contrário. É unânime entre os autores e estudiosos que há uma clara ligação entre o emocional e cognitivo com as manifestações corporais.”

Ou seja, a desorganização psíquica (quando dizemos que o emocional está abalado, por exemplo) resulta numa sensibilização em relação aos fenômenos que atravessam a vida do sujeito, o que o impede de elaborar tais acontecimentos e, por consequência, também podem desorganizar o corpo físico – o surgimento de sintomas de doenças crônicas, doenças de pele, dores não diagnosticadas e outras.

Vale destacar ainda que, segundo a psicóloga, problemas como estresse e a ansiedade provocam mudanças químicas que naturalmente interagem com o funcionamento do nosso organismo: “todo e qualquer tipo de interação desarmoniosa (altos índices de produção de cortisol e adrenalina que são característicos do estresse, por exemplo) contribui enormemente para ocupar papel disparador de doenças físicas, algumas mais específicas como as doenças cardíacas e digestivas – pelo desgaste fisiológico da produção de substâncias químicas decorrentes de alterações emocionais”, explica.

Além disso, ela comenta que as condições de estresse, ansiedade e depressão limitam que os pacientes tenham uma boa qualidade de vida, portanto, não são considerados saudáveis – mesmo que não haja sintomas físicos, o conceito saúde é entendido como o bem-estar integral do sujeito: emocional, físico, social.

“Quando não há o mínimo de autoconhecimento, nossa tendência é seguir repetindo padrões sem questionamento”

Na psicoterapia, explica Vitória, temos condições de elaborar inúmeras coisas que nos escapam no dia a dia, mas que permanecem latentes no nosso modo de ver o mundo, de nos relacionarmos com a vida e com as pessoas. Por isso, quando os sintomas são especialmente emocionais, é muito comum que desapareçam ou melhorem drasticamente quando as questões internas são olhadas e/ou resolvidas. 

“A fala e a escuta (na relação terapeuta-paciente) proporcionam uma espécie de vazão para o incômodo que não foi elaborado. Com isso, somos capazes de lidar com o que causa tal sofrimento e, portanto, tais sintomas não fazem mais sentido.”

E ela ressalta: “é claro que nem todas as manifestações corporais são resolvidas através do trabalho psíquico e é importante não ignorar nossa fisiologia e o adoecimento físico com tratamento médico – mesmo que sintomas disparados pelo sofrimento emocional surjam, quando chegam até o corpo, é necessário que isso também seja visto através de tratamentos multidisciplinares: médicos e/ou alternativos, a depender do caso e da preferência.”

Já em relação a posturas, pensamentos, atitudes e emoções serem capazes de influenciar (agravando ou amenizando) doenças físicas que já existem, a psicóloga comenta: “quando esses padrões não são funcionais ou saudáveis, possivelmente nos provocam algum tipo de mal-estar, angústia, preocupações, sensibilidade… E se não nos debruçarmos sobre esse incômodo, não será possível tomar consciência de qual é essa fonte de desequilíbrio – impactando inclusive em nosso sistema imunológico, fragilizando a saúde, sono, digestão, interferindo química e emocionalmente em todo o organismo.”

Exercícios físicos também são fonte de bem-estar, sabia?

Além de fazerem muito bem ao corpo e fortalecer a musculatura, Vitória comenta que exercícios físicos são uma enorme fonte de bem-estar e sensações de prazer: “se isso fizer parte das vivências do sujeito, muito provavelmente ele apresentará mais condições de proteção à saúde psíquica (e física), interrompendo ou minimizando um ciclo de estado ansioso ou depressivo, por exemplo”, explica.

Além disso, para evitar a somatização dos sintomas, que são resultado de uma desorganização emocional não reconhecida como tal, ela aconselha que devemos considerar tomar consciência sobre as interferências que sofremos ao longo de relações, e analisar a forma que encaramos nossa vida e os acontecimentos. 

“É necessário (e nem sempre fácil) que possamos questionar e enfrentar conteúdos desconfortáveis para que sejam nomeados, comunicados, elaborados e resolvidos. Em resumo, o ideal é que não deixemos questões encobertas como se não existissem – porque é nessa hora que os problemas procuram escapes e manifestam através do nosso corpo.”

Conecte-se com você e saiba equilibrar seus hobbies

Ter hobbies e dedicar um tempo para descansar a mente todos os dias será sempre algo positivo para evitar o desgaste emocional e físico. No entanto, a psicóloga destaca que, quando falamos sobre problemas psicossomáticos, distrações como essas não serão uma ferramenta funcional para minimizar sintomas, portanto, não necessariamente eficazes, mas com certeza ajudam complementar aos outros cuidados (médico, psicológico, psiquiátrico).

Assim, ainda que a psicologia sozinha não possa prever, ou evitar, algum tipo de reação física mesmo estando em processo psicoterápico – já que os sofrimentos se transformam, novas questões surgem, outras são descobertas e podem também gerar manifestações em pacientes que apresentam mais sensibilidade e uma tendência a expressar fisicamente as tensões emocionais –, Vitória explica que, estando em terapia, os conteúdos ocupam um lugar mais próximo da consciência e, assim, são muito mais propícios a serem identificados e, consequentemente, tratados da forma que exigirem.

Dessa forma, o importante é procurar ter equilíbrio nas diferentes áreas da vida, sem exagerar no trabalho e no descanso, buscando sempre balancear as tarefas, para que não exista desgaste em excesso em nenhuma delas, o que pode levar ao cansaço mental, por exemplo, e acabar prejudicando outras atividades.

E, se você gostou dessa matéria, aproveite para ler outras com a Vitória Marioto e fique sempre de olho no Beyoung Blog para acompanhar mais matérias sobre autocuidado, lifestyle, Smart Beauty e muito mais.

CONTEÚDOS RELACIONADOS

CONHEÇA NOSSA LOJA

Torne sua rotina de beleza mais simples com nossos produtos

Cadastre seu e-mail e receba dicas e novidades do universo Beyoung