Os limites no home office para a sua saúde física e mental

Início » Autocuidado e Bem-Estar » Os limites no home office para a sua saúde física e mental

O home office como era conhecido antes da pandemia sofreu algumas adaptações para o momento em que vivemos, mas é importante reconhecer os limites do trabalho para cuidar e preservar tanto sua saúde física quanto mental.

E, para falar melhor sobre o autocuidado e como criar esses limites entre vida pessoal e profissional, convidamos a psicóloga clínica e perinatal Vitória Marioto (@mariotovitoriapsi), além do Vagner Batista, gerente de recursos humanos em Beyoung. 

Confira tudo o que eles nos disseram a seguir.

Como entender que o que estamos vivendo não se encaixa no que conhecemos como “home office”?

Assim como o “home schooling”, Vitória conta que o termo “home office” costuma ser empregado nas situações onde existe um ambiente preparado e organizado para atender as necessidades dos sujeitos que praticam as tarefas profissionais sem sair de casa. 

“O que a pandemia trouxe foi uma urgência em isolar a todos, resultando no trabalho à distância, não necessariamente (raramente) com uma estrutura adequada, organização de rotina, intimidade com processos remotos e muitas outras especificidades de quem trabalha fora do escritório como espaço físico”, comenta.

Junto com isso, ela destaca que a restrição do convívio social e a hiper convivência dentro das casas marcam um momento muito atípico e até desestabilizador para quem viveu a mudança repentina de hábitos desde que tudo mudou.

“Além das incertezas, medo do futuro, pouca condição de planejamentos a longo prazo e instabilidade emocional coletiva, o home office sempre foi feito sem esse tipo de privação social. Quem já trabalhava dessa forma ainda possuía o poder de escolha em manter as relações e os momentos de lazer. Cenário muito diferente do que estamos vivendo”, completa.

Como criar limites entre trabalho e vida pessoal

Tema muito discutido desde o início do isolamento social, quando as pessoas começaram a adoecer, perguntamos para Vitória como viver num ambiente onde tudo se mistura, o tempo todo, e como separar melhor as coisas, e a resposta não poderia ser melhor.

“Existem caminhos básicos já entendidos como funcionais como, por exemplo, buscar uma rotina bem estabelecida, horários pré-determinados para atividades diárias e comportamentos que diferenciam o profissional do pessoal (roupa, calçado, cômodo). Acontece que nem sempre isso será possível de colocar em prática por inúmeras razões: dinâmica familiar, crianças em casa, afazeres domésticos, etc.”

Porém, ela destaca que ter essa cobrança em conseguir uma organização sempre, pode também se transformar em mais um peso e frustração, o que é muito negativo nesse momento. “É importantíssimo buscar um equilíbrio que ajude no dia-a-dia, mas também é essencial que isso não se torne mais uma obrigação.”

Assim, a psicóloga aconselha e ver o que está sob o seu alcance e adaptar alguns comportamentos saudáveis à sua realidade para que eles sejam possíveis de acontecer. Para que tudo funcione como planejado, ela acrescenta, é essencial que a preparação também seja mental – o exercício de pensar, sempre, que você não é apenas profissional, mas também um sujeito que ocupa outros papéis, pode contribuir muito para que essa organização aconteça, mesmo que existam demandas “fora de hora”.

E qual a importância de ter um espaço em casa reservado para o trabalho, longe de distrações?

De acordo com Vitória, essa é a condição principal para se afastar ou minimizar a sobrecarga e os possíveis sintomas de burnout, por exemplo. “Ter uma estação de trabalho corresponde à delimitação das tarefas, do tempo, do comportamento e pode ser visto até como uma proteção ao momento de lazer e relaxamento ainda dentro de casa.”

A sensação de exaustão, ela comenta, também se dá muito através dessa fusão de demandas e a falta da sensação de “se desligar” de todas as tarefas do dia. E ela conta também que, naturalmente, as queixas em suas consultas foram sofrendo alterações e novos cenários surgiram. 

“Esse período pandêmico prolongado proporcionou muitos altos e baixos emocionais e constantes tentativas de retomar o mínimo de controle que resta nessa instabilidade mundial.”

“Na clínica, é muito comum aparecerem relatos de cansaço extremo mesmo dentro de casa, o que pode ser explicado pela nossa tentativa incessante de se ajustar a uma nova rotina que é antinatural para muitos, além de uma repentina mudança de cenário que exigiu adaptações física, emocional, psíquica e neurológica – usando muito da nossa energia diária”, completa.

Então, como diminuir as auto cobranças em um momento tão atípico?

Autoaceitação e autocompaixão, conta Vitória, são fundamentais para a proteção da nossa saúde psíquica nesse recorte atual. “Ter condições de aceitar os níveis de estresse, angústia, baixa produtividade e poder se respeitar, respirar e seguir para dias bons, provavelmente te trará menos dias ruins.”

E ela conta ainda que, mesmo que sejam inevitáveis, precisamos abrir espaço para que os dias difíceis sejam vividos e acolhidos. “Esses sentimentos podem ser convertidos numa grande necessidade de produtividade, eficiência e uso ‘inteligente’ do tempo, mas isso não é real.”

“Não é possível que você se cobre ao máximo quando você não vive seu estado normal, por isso, sempre que perceber que há uma auto cobrança exagerada, lembre-se que você não é apenas profissional, mas sim alguém que atravessa grandes perdas junto com um mundo inteiro nesse momento.”

Olhando para o futuro, com a vacinação e retorno para o escritório, há alguma forma de se preparar psicologicamente? 

Depois de tantos meses vivendo o isolamento social e com a vacinação em andamento, é comum que apareça a dúvida, e até mesmo o receio de como se preparar para um possível retorno, então perguntamos para a Vitória qual a melhor forma de lidar com esse sentimento.

“É difícil falar em preparação quando não sabemos o momento em que as atividades externas voltarão de forma sólida ou quais serão os riscos que esse retorno ainda apresentará. A questão é que todo esse processo de se manter isolado ou pelo menos a orientação para que isso acontecesse, provocou, em cada um, sentimentos e necessidades muito singulares”, comenta.

Além disso, ela diz que existem pessoas que aguardam ansiosamente o retorno presencial e apresentam inúmeras alterações emocionais pelo fato de ainda estarem em casa, enquanto outras temem pelo dia em que terão de se expor sem a opção de se proteger através do isolamento.

Assim, ela indica que o ideal sempre é uma mudança gradual: “a retomada de uma rotina anterior sem grandes rompimentos é um caminho que exige menos do nosso mecanismo de defesa (que pode ser gerador de altos níveis de estresse, ansiedade, luta e fuga).”

Mas, de qualquer forma, a psicóloga recomenda que, quando esse momento chegar, quem apresentar algum tipo de sofrimento desorganizador, vale uma avaliação profissional ou um acompanhamento psicológico para compreender e acolher qualquer tipo de temor que cause prejuízos nas vivências pós-pandêmica.

As mudanças no cenário de Beyoung com o home office

Assim como diversas outras empresas, Beyoung também precisou se adaptar ao home office, deixando centenas de funcionários trabalhando diretamente de suas casas. Mas como será que foi esse processo de adaptação? Foi o que perguntamos para o Vagner.

E ele conta que, apesar de não ter uma política global sobre home office antes da pandemia, as lideranças tinham autonomia para propor aos colaboradores um formato remoto.

Vagner comenta ainda que, durante o trabalho remoto na pandemia, foi possível perceber uma mudança significativa na comunicação entre os times e a liderança, uma vez que ela fluiu muito melhor e os colaboradores assumiram mais responsabilidades e foram mais colaborativos.

E ele conclui dizendo que quando for seguro e quando tiver um número grande de colaboradores vacinados, o plano é sim que ocorra a volta ao escritório, mas que será mantida a possibilidade do trabalho remoto, respeitando as necessidades de cada área.

Ei, não se cobre tanto assim

O mundo todo passou, e ainda passa, por um momento atípico de infinitas mudanças na rotina e, somente por esse lado, já é necessário se olhar com outros olhos e entender que tudo está fora de controle, então está tudo bem que nem tudo saia como planejado.

Assim, Vitória conclui dizendo que acho importante frisar algumas das dificuldades que surgem decorrentes desse afastamento da rotina do trabalho externo. “Vejo com frequência picos de sentimentos como solidão, desânimo e vazio, principalmente de pessoas que moram sozinhas e trabalham em casa 5 dias por semana – o que é muito esperado e natural que aconteça em alguns momentos.”

Ressaltando que é preciso vivenciar essa angústia sem buscar fugir ou mudar a situação, por ser um autocuidado importante para que o equilíbrio seja estabelecido em dias melhores, ela acrescenta que dificuldades nos relacionamentos também tomaram uma proporção maior, influenciando o bem-estar geral e atuando como potencializador de estresse, ansiedade, inseguranças, etc.

“Portanto, em nome da nossa própria saúde psíquica, é importante lembrar-se sempre de que não estamos vivendo no estado típico de funcionamento e por isso respeitar nossas condições é um ato de autoproteção.”

E as palavras aqui não poderiam ser mais sábias, não é mesmo? E que tal aproveitar esse momento para refletir sobre algumas questões pessoais e tirar um tempo para cuidar de você? Lembre-se que, por mais clichê que seja, está tudo bem não estar tudo bem.

Psicóloga clínica e perinatal Vitória Marioto (@mariotovitoriapsi). Confira outras matérias com ela clicando aqui.

CONTEÚDOS RELACIONADOS

CONHEÇA NOSSA LOJA

Torne sua rotina de beleza mais simples com nossos produtos

Cadastre seu e-mail e receba dicas e novidades do universo Beyoung