Vermelhidão e coceira são sintomas de muitos problemas dermatológicos, inclusive de alergia na pele. Além de danificarem a cútis, causam incômodo e dor, podendo afetar, inclusive, a autoestima de quem sofre com elas.
No entanto, nem sempre é fácil identificar uma alergia e diferenciá-la de uma irritação. Afinal, são diversos os motivos que podem desencadear uma crise, que vão desde a alimentação até o uso de perfumes e loções.
Além disso, a pele é o maior órgão do nosso corpo e é responsável por nos proteger de agressões externas como bactérias, fungos e outros agentes nocivos à saúde. Dessa forma, merece a devida atenção e cuidado.
Assim, para ajudar você nessa tarefa, respondemos às principais perguntas sobre os tipos de alergia na pele, com a ajuda da dermatologista e pesquisadora para Beyoung, Dra. Flávia Addor.
Confira a seguir o que ela nos contou sobre os tipos de alergia na pele e entenda como é possível lidar com eles ou tratá-los da melhor forma.
Qual a diferença entre irritação e alergia?
Os vários tipos de irritação na pele ocorrem sempre que a barreira natural de proteção é quebrada. Por isso, a Dra. Flávia diz que o uso de cosméticos inadequados para o seu tipo de pele pode acabar removendo demais a oleosidade. Dessa forma, a derme fica desprotegida e irritada.
Outro exemplo de situação que contribui para o aparecimento de irritações são as quedas de temperatura, já que o clima também fica mais seco quando isso acontece. Assim, é natural que a sua pele fique ressecada. Além disso, os banhos muito quentes também favorecem o surgimento de doenças, como a psoríase.
Já a alergia na pele é uma resposta do organismo a uma determinada substância. “O corpo reconhece certa molécula como estranha e produz legiões de células de defesa contra ela, provocando o aparecimento da dermatite”, explica.
Porém, essa reação pode levar meses e até anos para ocorrer. Por isso, muitas vezes os produtos de skincare, maquiagens, perfumes, acessórios e tecidos que você tem costume de usar podem ser os causadores de uma alergia que vai se manifestar no futuro.
Os principais tipos de alergia na pele e seus sintomas
Existem basicamente dois tipos de alergia na pele, que se diferenciam pelo tempo que leva para os sintomas aparecerem depois do contato com uma substância: a imediata e a sensibilidade tardia – vale destacar que as células de defesa que causam essas reações também mudam em cada caso.
Alergia imediata
Esse tipo de alergia na pele é mais rara, são as células chamadas de mastócitos que entram em ação e produzem anticorpos.
Normalmente esse processo acontece quando o nosso corpo vê a necessidade de comunicar que algo não vai bem. Mas, quando está fora de controle, pode afetar a pele, o pulmão e o intestino.
Sua resposta é rápida, a reação alérgica dura em média cerca de oito horas e causa as urticárias de contato, que são caracterizadas por manchas vermelhas na pele e inchaço nas lesões, que parecem vergões e coçam bastante. Ao coçar o quadro pode se agravar, causando feridas que permitem a entrada de bactérias e substância no local que já está irritado.
Sensibilidade tardia
Já com a sensibilidade tardia, os sintomas podem aparecer até três dias após o contato. Assim, com esse tipo de alergia é mais difícil detectar o causador da reação alérgica na pele.
Aqui são os linfócitos que desencadeiam o processo no organismo. A partir disso, surge o eczema ou dermatite de contato, que provoca vermelhidão, inchaço, bolhas e coceira na pele, explica a dermatologista.
A depender do tipo de contato e da substância causadora da alergia, a reação pode variar. Podendo, inclusive, resultar em quadros anafilaxia, quando há uma reação alérgica generalizada no corpo, sendo capaz de provocar falta de ar, perda da consciência e queda da pressão arterial.
Quais substâncias causam reações alérgicas na pele?
A lista de compostos que podem causar alergia na pele é bem longa e diversificada, mas alguns deles se destacam, conforme indica a Dra. Flávia: “no caso da urticária de contato, as substâncias mais comuns são o formaldeído (presente em alguns esmaltes, por exemplo) e o látex, que é um derivado da borracha.”.
Já para a dermatite de contato, os vilões mais frequentes são fragrâncias, conservantes, corantes e metais. Há ainda outras substâncias que podem causar reações alérgicas, tais como:
– Suor;
– Picadas de insetos;
– Pelos de animais;
– Plantas;
– Alimentos;
– Medicamentos;
– Roupas e alguns tipos de tecido;
– Produtos de limpeza;
– Cosméticos.
Mas para saber exatamente qual ou quais substâncias provocam esse tipo de alergia, é preciso consultar médicos alergistas e fazer alguns exames, como o teste de contato. Só assim é possível identificar com exatidão qual o agente causador da reação alérgica na pele.
Nesse exame, também chamado de patch test, são colocados nas costas da pessoa alguns adesivos com os principais compostos que causam alergia. Depois de 48 horas, eles são retirados e é possível verificar quais substâncias provocaram reações na pele. E, após 96 horas, a pele é avaliada mais uma vez para confirmar os resultados.
No entanto, há ainda outras causas que podem desencadear crises, entre elas o estresse, muito associado a dermatite nervosa, por exemplo. Essa reação acontece geralmente em situações de sobrecarga e problemas emocionais.
Além disso, as alergias também podem ter origem genética, manifestando-se de forma crônica, como é o caso da dermatite atópica. Esse tipo de alergia não causa reação apenas na pele, está geralmente associada a outras condições alérgicas como a asma e a rinite.
Tratamento de alergias na pele
Talvez uma das maiores preocupações de quem sofre com as crises alérgicas é aprender a controlar o problema, uma vez que os sintomas de alergia na pele podem ser bem desconfortáveis e deixar toda a derme sensibilizada, não somente as áreas que tiveram contato.
Assim, o acompanhamento de um médico dermatologista é muito importante para tratar alergias, pois a orientação correta vai ajudar a descartar outras doenças de pele, a identificar o agente causador da reação alérgica e a controlar os sinais e sintomas.
Em um momento de crise, por exemplo, dermatologistas podem indicar o uso de antialérgicos, como os anti-histamínicos, ou corticoides, dependendo de cada caso. No entanto, é preferível evitar o uso contínuo de medicações. Para um tratamento de longo prazo, o mais adequado é conhecer a substância que causa a alergia e evitar o contato com ela.
“Uma vez que o organismo desenvolve uma alergia a determinada molécula, leva muito tempo até ele perder a ‘memória’ dessa reação. Para isso, é imprescindível banir qualquer forma de contato, por pequena que seja. Isso pode levar anos ou, em alguns casos, ser definitivo”, orienta a médica.
Cuide da sua pele com o skincare adequado
A rotina de cuidados da pele com alergia deve ser indicada por dermatologistas de confiança, para evitar novos quadros e ajudar a aliviar os sintomas. Então, em geral, as melhores opções para a limpeza são sabonetes suaves e a água micelar, que é livre de álcool e, assim, não irrita a cútis.
Já o hidratante, conforme indica a Dra. Flávia, deve ser hipoalergênico (que tem chances mínimas de causar reações alérgicas) e, para completar, pode ter ação calmante.
No inverno, lembre-se de redobrar os cuidados. Além de evitar banhos muito quentes, beba bastante água. Assim, você cuida da saúde da sua pele de dentro para fora e de fora para dentro.
Por fim, é claro, não podemos esquecer do protetor solar. Ele deve ser aplicado todos os dias, faça chuva ou faça sol, inclusive para ficar dentro de casa. A Dra. Flávia recomenda que ele tenha uma textura mais cremosa, além de ativos para acalmar e regenerar a pele.
E, agora que você já sabe como identificar alergias na pele, ao notar algo diferente, não hesite em procurar por médicos especialistas que saberão indicar o que é e o melhor tratamento para seu caso. Lembre-se que a pele é o maior órgão do nosso corpo e que os cuidados com a saúde devem vir sempre em primeiro lugar.
